terça-feira, 19 de julho de 2011

O herdeiro de Shesta-Capitulo dois-

|A nova babá|

Ângela voltava para sua casa segurando a mão de Joice, chovia muito, Joice estava feliz como sempre, mas Ângela estava mais triste do que o habitual. Se você já sentiu falta de algo que nunca teve sabe do que eu estou falando, Pois era exatamente isso que Ângela sentia.
Estava tão pensativa que não reparou que já estava inteiramente molhada. Joice cantarolava uma música que gostaria que alguém perguntasse qual era, ficou muito chateada já que ninguém perguntou. Chegaram em frente a casa de Ângela, não precisou levar sua nova amiga até sua casa, pois eram vizinhas, apenas uma casa separavam-nas.
-Tchau Joice, até amanhã- Despediu-se Ângela.
-Até- Disse Joice caminhando até sua casa.
Ângela abriu a porta de casa e foi até a sala.
– Mãe? Você está ai?- no inicio não houve resposta, mas um minuto depois ouviu a voz rouca de sua mãe dizer “estou e preciso de um favor seu, espero que não tenha sujado a sala”
- Não sujei mãe- mentiu. A voz de sua mãe parecia vir da cozinha, ela foi pro caminho oposto e entrou no banheiro. Foi tomar banho antes que pegasse um resfriado.
Uma hora depois ela estava sentada em sua cama com seu notebook, mas nem observava os emails que recebia, ela gostava de assistir os pingos de chuva bater no vidro da janela do seu quarto. Mas algo chamou a atenção dela, eram os emails de Thiago, já era o terceiro email que ele mandava esperando respostas.

emails:
Thiago diz: oi Ângela. =)
Thiago diz: Ângela você está ai?
Thiago diz: Ângela, Sua tonta responde! = (

Ângela após ler essas mensagens resolveu deixar de lado os pingos que batiam na janela e foi responder o amigo.

Ângela diz: O que você quer?
Thiago diz: Finalmente! Onde esteve?
Ângela diz: Aqui, diz logo o que quer.
Thiago diz: Acho que estou ficando louco, não faz nem dez minutos que pensei ter visto dois estranhos em minha casa.
Ângela diz: Também acho que está louco. =)

Ângela percebeu que alguém acabara de entrar na conversa, era Vitor.

Vitor o grande mestre diz: Oi pessoal, novidades?
Ângela diz: Sim, Thiago está ficando louco.
Vitor o grande mestre diz: Isso não é contagioso ou coisa assim, é?
Thiago diz: Não, também não creio que estou louco de verdade. Talvez eu tenha visto mesmo.
Ângela diz: Deve ser o Videogame.
Vitor o grande mestre diz: Sei, como se isso fizesse mal a alguém.
Ângela diz: Se “o grande mestre” disse então ta falado.
Thiago diz: Vejo você amanhã na escola, vou ver algum filme.
Vitor o grande mestre diz: Ângela, você não tem coração. = (

Antes que Ângela respondesse os amigos sua mãe abriu a porta.
-Filha, ta ocupada? – disse a mãe com cautela. Ela tinha o cabelo loiro e enrolado, uma senhora de idade, cinqüenta e cinco anos. Sua voz soava rouca, talvez por ser professora, mas isso é incerto, pois desde que Ângela se lembra como gente sua mãe tinha essa voz. Ângela não tinha um pai, na verdade ela não tinha nem mãe, não biológica, tinha uma mãe de criação e nada mais, seu pai de criação tinha falecido há uns quinze anos atrás. O nome de sua mãe era Tereza. – Posso entrar? – Perguntou.
-Claro mãe, precisava de mim para que? – perguntou Ângela calmamente.
-Foi justamente por isso que entrei aqui. - disse Tereza- E também para reclamar sobre o tapete sujo de lama. Sabe como é... só estou fazendo meu papel de mãe.
-Primeiro- disse Ângela- diz o que precisa depois você pode reclamar.
-Eu- disse Tereza- não preciso de nada, na verdade quem precisa é a nova vizinha Elaine.
-Mãe da Joice? -
-Sim- disse Tereza coçando a cabeça- ela vai ter que trabalhar e precisa de alguém para cuidar da casa.
-Mas mãe- queixou-se Ângela- tenho coisas para fazer, não posso ficar bancando uma de babá.
-Pode- disse Tereza- e vai. Ângela não podia fazer nada sobre isso sua mãe parecia estar muito decidida sobre o assunto, ela Certamente devia ter se tornado grande amiga de Elaine.
-Quando- disse Ângela- eu completar dezoito anos, vau colocar uma tatuagem de um pingüim bem no meio da testa, só pra te irritar.
-Acho que quem vai sair perdendo é você- Disse a mãe se retirando do quarto, Sorrindo.
-Não podia ser pior- pensou Ângela.
-Começa sexta- Gritou a mãe de outro cômodo.
-Quê? - exclamou a menina- Mas amanhã é sexta. Não houve respostas, mas ela tinha certeza de que isso seria amanhã. Ela resolveu nunca mais pensar que uma coisa não pode piorar.
As coisas realmente andavam piorando desde o mês passado, e ela continuava aborrecida com algo que não tinha certeza do que era, ou pelo menos queria acreditar que não sabia.
Resolveu desligar seu notebook e se deitar, pegar no sono nunca foi tão difícil, mas a chuva ajudou ela a relaxar e dormir tranquilamente.

-Cadê seus pais?- perguntou Ângela na manhã seguinte.
-Já saíram- respondeu Joice que estava em frente seu portão- pode entrar, acho que é agora que você deve ficar aqui comigo não é?
-Sim- disse Ângela tirando um papelzinho do bolso e checando-o – e devo ficar até o horário de ir à escola, depois devo ficar com você até as sete horas da noite.
-Como sabe dessas coisas?-
-Parece que sua mãe deixou umas anotações lá em casa- disse Ângela dando de ombros.
Ao entrar na casa da Joice a primeira coisa que passou pela sua mente foi: “parece que os pais dela estão dando duro, essa casa está um horror” E ela estava certa, pó por todos os móveis, tudo fora de ordem, parecia até que tinha comida estragada sobre o sofá. Talvez não limpassem aquela casa desde que passaram a morar nela. Vitor nunca entraria naquela casa, teria medo das infecções que aquele lugar poderia oferecer. Sem esperar nem mais um segundo, começou a arrumar tudo, demorou horas até que a casa ficasse quase completamente limpa, ainda faltava o quarto de Joice e o porão. Joice havia dito que sua mãe dera ordens de não entrar no porão, obviamente Ângela nem fez mais perguntas sobre o assunto, Quanto menos trabalho melhor. Agora faltava somente o quarto, Joice sugeriu ir ao mercado antes, Ângela não tinha motivos pra contrariar a sugestão, pegou o molho de Chávez e fechou tudo, segurou na mão de sua amiga e caminharam até lá. Ângela foi o caminho todo pensando em como Fugir de uma prisão, nem ela sabia por que estava pensando nisso, mas certamente não pretendia roubar nada. Joice Estava tentando lembrar qual era o ritmo da música que sempre cantarolava com esperanças que alguém a perguntasse qual era. Ela pensou em cantar outra, mas só pensou. Joice ficou calada o caminho todo e Ângela também.
No mercado foi Joice quem teve a idéia de usar um carrinho, pegavam os produtos necessários. Passaram pelo corredor de cereais observando cada embalagem, Acharam o que queriam, era a ultima caixa de cereal com um premio surpresa. Esticou o braço até o ultimo produto à venda, mas antes que pudesse sentir a caixa em sua mão alguém a pegou primeiro, foi tão rápido que as garotas mal puderam ver de onde sairá àquela mão.
- Que sorte minha ter pegado a ultima caixa! – era Vitor – vocês não estavam querendo isso?
- Estávamos! Você quer me devolver? – disse Ângela abrindo as mãos para pegar a caixa.
- Devolver? Você nem se quer tocou na caixa, você não é nada rápida. – Disse Vitor sorrindo.
- Tudo bem, vamos embora Joice – Disse Ângela virando-se para trás
- Espera!- Exclamou Vitor- Vamos fazer o seguinte, eu só te dou a caixa de cereal se você me der o brinde surpresa. Pode ser?
-Tudo bem- Disse Joice sorrindo.
-Criança- Disse Ângela com tom desdenhoso e indo embora.
Chegou até o caixa, tinham três pessoas na sua frente e em breve teria uma atrás dela, pois Vitor já estava a caminho. Tentou furar fila para chegar à sua casa logo, mas falhou.
Vitor ficou atrás dela esperando chegar sua vez.
-Bom dia- disse a atendente de caixa. Mas não houve resposta. A atendente passava os produtos na maquina registradora. Tinha uma aparência agradável, era morena e tinha os olhos verdes, Seu cabelo liso estava preso.
Numa fração de segundos, Ângela pôde ver um homem todo encapuzado apontar uma arma em direção a atendente de caixa. Ele fez isso como se fosse a coisa mais normal do mundo.
É um assalto!
Isso é o que todos esperavam ouvir, mas não foi isso que ele disse. Ele disse:
-Você não está ajudando em nada.
Nesse exato momento Ângela tomou um susto, e sentiu gelar a alma, o medo tomou conta dela, ela sentia naquele momento um misto de medo e dúvida. Sentiu falhar a respiração.
-Eu não sei, eu não vi ninguém. – Disse a atendente.
-Por que perde tempo nesse lugar!- berrou o estranho- Você devia estar trabalhando no assunto. Você só pensa em você, eu poderia acabar com você agora como me pediram. Mas vou esperar o momento certo.
O estranho saiu do local andando normalmente como se nada tivesse acontecido, deixando todos que estavam ali presentes olhando para a atendente. Ela se levantou sem dar satisfação sobre aquilo tudo e correu chorando em direção ao banheiro mais próximo.
Joice apertava fortemente a mão de Ângela. Vitor nem se quer piscou os olhos de tanta confusão que tomava conta de sua mente.
-Que foi isso?- Perguntou Vitor assustado.
-Bom- Disse Ângela- eu não sei... Mas não tenho nada com isso, vamos embora. – E com certa indiferença saiu do local com suas compras, deixando o dinheiro no caixa, tinha feito sua parte. Joice e Ângela não falaram nada sobre o que havia acontecido enquanto voltavam para casa, ao contrario de Vitor que se achava o maioral: “você viu? Por pouco não morremos, tenho que contar para minha família” “incrível termos saído vivos de lá, passo na sua casa quando chegar de viagem... Tenho que pegar meu brinde.” Ângela ficava impressionada com o modo que o amigo exagerava a situação, ela sabia que Vitor era um idiota sem noção, mas não sabia que ele seria tão estranho ao ponto de realmente querer o brinde surpresa da caixa de cereal. Ela levou Joice até sua casa e disse que arrumaria os cômodos restantes no dia seguinte, não ia dar tempo de arrumar no mesmo dia por que ela devia ir à escola.
Ela chegou em sua casa e tomou banho, se arrumou e foi chamar Joice para em seguida ir até a casa de Thiago. Elas chegaram atrasadas de novo.
-Não irei dizer nada dessa vez, pode ter certeza. – resmungou Thiago
-Desculpe- disseram as duas.
-Thiago você não tem noção do que me aconteceu...
-É, o Vitor já espalhou essa história no blog dele, eu li- disse Thiago
-Quê?- exclamou Ângela- Mas já?
- Pois é, mas me conte sua versão- disse Thiago fechando o portão.
- Aposto que ele mentiu sobre tudo, não é? – Disse Joice sorrindo- Ele não perderia essa oportunidade.
-Vejo que vocês já se conhecem muito bem- Thiago riu.
- Não, ele ainda não me conhece. – disse Joice e começou a cantarolar.
No caminho da escola Ângela e Joice contaram tudo que tinha acontecido no mercado, Thiago se impressionou em saber o quanto Vitor mentiu sobre o fato em seu blog.
Thiago não perdeu a oportunidade de continuar com os assuntos estranhos, ele começou a contar o que aconteceu em sua casa no dia anterior. Antes disso ele pediu para as garotas guardarem segredo.

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